segunda-feira, 15 de novembro de 2010

3-

As semanas passaram tranqüilas em Hogwarts. O primeiro fim de semana em Hogsmeade se aproximava, no final de Setembro, possibilitando aos alunos a criação de estoques para a pós-festa de Halloween deste ano.

Durante o jantar do dia anterior, João estava inquieto na cadeira. Kibble e Symons haviam sido detidos após explodirem suas poções na aula de quinta-feira, e não poderiam ir ao vilarejo.

- João... Já disse pra chamá-la. Você sabe que gosto de ficar sozinha. – Jen sorriu.

- Eu sei... Mas e se você não ficar sozinha? Se encontrar...

- Depois daquela detenção não cruzei com ele mais nenhuma vez. Ele está se escondendo. Vai logo, ou eu chamo ela por você!

João sorriu e seguiu para a mesa da grifinória. Jennifer assistiu ao grande sorriso no rosto de ambos, e o seguiu com os olhos enquanto ele saía do salão. No entanto...”Ahh, não vai sair com ela mesmo, otário....” Stuffen seguiu-o para fora do local, e Jen foi atrás. Conseguiu pegá-lo no instante em que ia azarar seu amigo:

- Levicorpos! – ela sussurrou.

- Ei! Sua maluca! Me põe no chão! – Stuffen gritou.

- Shh. Se tentar azará-lo de novo pelas costas... – ela apontou um dedo para o rosto dele – Não vou pousá-lo delicadamente no chão.

- Acho bom você fazê-lo, Srta. Skole. A menos que deseje ser detida novamente. – Luke disse, saindo de sua sala.

- Como quiser. – ela acenou com a varinha, e Stuffen caiu sentado no chão.

- Dez pontos a menos para a Corvinal por isso. E dez a menos para a Sonserina também, ouvi o Sr. Melber começando a azaração.

Stuffen saiu andando pisando duramente no chão, e Jennifer acenou antes de ir, o que fez sua corrente tilintar, chamando atenção do professor.

O tempo começara a esfriar, com os traços do outono aparecendo. Jennifer acompanhou João até este encontrar Mary, e então seguiu seu caminho para a Dedosdemel. Renovou seu estoque de doces, colocando tudo na bolsa que enfeitiçara para ter um tamanho muito maior do que aparentava.

Mais para o fim da tarde chegou à porta do Três Vassouras, mas desistiu ao ver o local cheio de casais e o grupo de Stuffen ali. Virou-se e seguiu para o Cabeça de Javali. O lugar era mais escuro, mais feio e com muito menos pessoas, mas ainda sim ela sentou-se ao balcão, pedindo uma cerveja amanteigada.

Quando estava terminando a caneca, uma voz conhecida saudou-a e sentou-se ao lado.

- Cabeça de Javali, Jenny? Sozinha?

- É mais calmo do que o Três Vassouras, professor. – ela nem desviou o olhar.

- Por favor, mais uma caneca para a moça e uma para mim. – Luke pediu, já colocando o pagamento das três sobre a mesa.

- Eu tenho dinheiro, e não preciso de mais uma. – Jen disse, seca.

- Estou te devendo bem mais que isso, afinal. Deixe eu tentar compensar. – ele piscou.

Jennifer corou, enrolando as mangas e tomando um gole. Luke ficou assistindo-a, e reparou novamente na pulseira que estava ali.

- É aquela corrente? – perguntou.

- Quase. Aprendi a mudá-la de forma ano passado. – ela respondeu, abaixando a manga.

- O que quer dizer com quase? – ele instintivamente puxou o braço dela, levantando a manga para olhar melhor a jóia.

- Q-q-quero dizer exatamente isso, quase... Ela tem umas peças a mais.- sussurrou.

- A mais? – aproximou o braço dos olhos para observar melhor.

- Sim. Ela estava incompleta quando...Você sabe... – tirou a mão, corando e levantando – Bom dia para o senhor...

Ela correu porta afora, e só parou quando estava no começo da estrada. Estava confusa, nervosa e um pouco frustrada consigo mesma. Foi provavelmente a única oportunidade de conversar com Luke a sós, e ela a estragara. Suspirou. Melhor assim. E voltou para o castelo.

O dia de Halloween chegou junto com as folhas em queda das árvores por todo o terreno. Todos já haviam esquecido da surpresa que Dumbledore mencionara, mas não demorou muito para que percebessem o esquecimento: Pouco depois do fim das aulas uma carruagem gigantesca apareceu, pousando próximo da porta da escola. Hagrid, o guarda-caças, foi rapidamente cuidar dos cavalos, enquanto uma delegação de alunos e alunas seguia uma alta mulher para dentro da escola. Logo em seguida, um grande navio antigo aparecia no Lago Negro, de onde saíram mais estudantes seguindo um velho homem à frente. Logo os alunos de Hogwarts também se apressaram de sentar às suas mesas, aguardando Dumbledore.

- Como acredito que a maioria de vocês esqueceu dessa surpresa, vamos declará-la logo: Decidimos tentar recomeçar o Torneio Tribruxo! Como agora precisamos de uma união entre todas as partes do mundo, pensamos ser este um bom jeito. Se nada der errado, planejamos manter esta tradição a cada quatro anos. Portanto, dêem boas vindas a seus colegas estudantes de Beauxbatons e Durmstrang!

Todos aplaudiram os alunos entrando. A diretora da primeira escola era muito alta, séria, e Dumbledore a apresentou como Mme. Maxime. Seus alunos eram todos belos, de traços finos e frios, e meramente acenaram com a cabeça para todos. Os membros da segunda escola eram mais sombrios, todos usando carrancas a espelho de seu próprio diretor, Prof. Hurgav. Eles se dividiram entre as quatro mesas, e Dumbledore retomou a palavra.

- Agora, vamos as regras. Aqueles de vocês que desejarem participar do Torneio devem escrever seus nomes em um papel, junto com o de sua escola, e colocar no calice de fogo – ele apontou para uma grande taça dourada, colocada no centro do palco onde sentavam os professores – Resolvemos permitir que os escolhidos tenham um tutor, para auxiliá-los durante a preparação para as provas. Qualquer um pode se inscrever, mas serão necessários conhecimento e magia para poder vencer e sobreviver às três tarefas que lhes serão impostos, então peço que pensem muito bem antes de se decidirem. O cálice ficará aberto até a metade de Novembro. Então boa sorte e bom apetite!

Ao terminar, todos os pratos apareceram nas mesas. Os alunos passaram a deliciar-se com tortinhas de abóbora, cerveja amanteigada e alguns pratos estrangeiros, devido a presença das outras escolas no prédio.

- Jen... Você já ouviu histórias sobre esses torneios, não é? – Kibble perguntou, interessado.

- Ouvi, sim. E seria um tolo aquele que se inscrever sem pensar muito bem e sem estar, pelo menos, no sexto ano. – ela tomou um copo cheio de suco abóbora.

- Você vai? Se inscrever? – Symons perguntou.

- Vou pensar. Decido até o fim da próxima semana. – seu olhar encontrou com o de Luke, que parecia mais sério que o normal.

Pouco depois, Jennifer levantou com João para ir ao dormitório. Ao se aproximar das escadas, encontraram um aluno de Durmstrang. Alto, com musculatura forte, nariz torto, curtos cabelos loiros e olhos azuis. Sorriu para Jennifer e fez uma reverência, a qual ela respondeu sem graça.

- Diga-me, senhorita, se não gostaria de aparecer em nosso navio para uma festinha de Halloween particular? Pode levar seu namorado, se desejar.

- Ah.. eu... – Jennifer corou, sem palavras.

- Eu não sou namorado dela... E vou indo. Até mais, Jen. – João deu um empurrãozinho na amiga, subindo as escadas rapidamente.

- Jen, assim é seu nome?

- Jennifer. Jennifer Skole...E você?

- Clov Tanz. Prazer enorme em conhecê-la.

- O prazer é meu. – ela sorriu – Então... você falava de uma festa?

- Espero que não esteja considerando ir, Srta. Skole. Sabe que não pode andar pelo castelo depois das 10, e já são nove e meia. – Luke disse, subindo as escadas.

- Vocês têm essas regras tolas de horário aqui em Hogwarts? – Clov perguntou a Luke.

- Aqui não é tão seguro quanto em Durmstrang, e nem tão pequeno. – Luke replicou – Boa noite.

- Ele tem razão. Fica para uma próxima, Clov. – Jen sorriu, seguindo o professor escada acima.

O garoto ficou parado, observando-a. Resolveu segui-la, só para ver onde ficava sua casa.

- Escuta Jenny... – Luke sussurrou – Você disse de letras a mais. Como assim?

- Ela estava... Incompleta. – Jen mostrou-lhe – Vê? Nós encontramos S-A-F-E. Faltava T-Y.

- Mas tem as mesmas funções? – ele girou o braço da moça, observando todas as letras.

- Agora ela tem função. Antes não tinha. – ela tirou o braço de perto mais uma vez – Boa noite, professor.

Clov encostou-se na parede, sorrindo.

Como o Halloween tinha sido na quarta, o dia seguinte era de tempo duplo de defesa contra as artes das trevas no começo do dia. Os alunos de Durmstrang e Beauxbatons se misturariam às aulas dos alunos da casa. Ao chegar na sala do terceiro andar, Jennifer percebeu que metade da turma da primeira estava lá, inclusive Clov, que sorriu e apontou para o lugar a seu lado. Ela hesitou, mas João a obrigou a sentar lá.

- Bom dia, Jennifer... Nenhum problema ontem, acredito? – ele disse.

- Pode me chamar de Jen. – sorriu – Não, tudo certo...

Luke então pigarreou e começou a aula. Sugeriu que eles se dividissem em duplas com os alunos da outra escola para aprenderem a lidar com pessoas diferentes e duelassem sem falar.

Jennifer começou a duelar com Clov. Ele não era muito rápido, e ela o desarmou várias vezes rapidamente.

- Durmstrang não ensina feitiços? – ela perguntou, irônica.

- Imagino que aqui não exista cavalheirismo, se você não o percebe... – piscou.

- É bom parar... Ou sua imagem vai ficar prejudicada. – desarmou-o novamente.

Então ele começou a agir naturalmente, e na verdade era muito bom. O duelo deles durou mais tempo que o planejado, seus movimentos pareciam clonados. Luke se aproximou sério, o que fez Jen perder a concentração por um segundo e ser desarmada. Era a primeira vez que perdia para alguém.

“Desculpe quebrar o clima, mas...”- Aula encerrada. Podem guardar suas coisas e arrumar as cadeiras. – disse, ríspido.

- Então, Jen. Vai se inscrever? – Clov perguntou, devolvendo algumas mesas para o lugar.

- Ainda não sei. – ela sorriu – Muitas variáveis a considerar. Pode ser extremamente perigoso... – olhou de soslaio para Luke.

- Pense bem. Te vejo mais tarde! – Clov saiu com um grupo de amigos, rapidamente.

“Que tipo de moleque mais arrogante...”, Jennifer ouviu. Um raio de esperança passou pela sua cabeça.

“Ciúmes, Lu?”, sussurrou, guardando os livros na bolsa.

“Indiferença. Não me faz a menor diferença com quem você sai ou não.”

Ela o assistiu sair da sala, batendo a porta atrás de si. Engoliu em seco, descendo para o Salão Principal. Sentou-se com João, que tentou animá-la de alguma forma, sem muito sucesso. Desceram para as masmorras, sentando-se ao lado de seus caldeirões.

- Boa tarde, turma. Hoje é o último dia para mexerem em suas poções, e na próxima aula a testaremos. Como temos um período duplo, não tem como vocês aprontarem alguma coisa sendo seus colegas de bancada. Quero também dizer que aconselho a todos vocês tentar participar do Torneio Tribruxo... E acolherei alegremente aquele que for o escolhido.

- Ou A escolhida. – Disse Lety Plise, da grifinória.

- Sim, claro, Plensy, ou a escolhida. Agora vamos. E depois quero que preparem o antídoto da página 72, contra venenos ultra-rápidos.

- Jen...Não faça as coisas sem pensar... – João sussurrou, percebendo o olhar da amiga.

- Não faria diferença alguma, João... E talvez eu prove a mim mesma que sou mais do que acredito. – ela respondeu, abaixando o fogo de sua poção polissuco e pegando os outros ingredientes.

- Pra mim faz. – suspirou – Mas a escolha é completamente sua.

Após essa aula e a de aritmancia em seguida, a carga de lição de casa quase dobrou, e Jennifer foi à biblioteca. Lá sentou e ficou estudando até a hora de recolher, sem perceber que alguém a estava observando.

Quase uma semana depois, Jennifer realmente decidiu se inscrever. Acordou bem cedo, de forma que ninguém fosse estar no salão principal, onde o cálice estava. Colocou então seu nome, e assistiu enquanto as chamas o consumiam.

Sentou-se a mesa e esperou por seus colegas. João logo adivinhou porque ela chegou cedo.

- Resolveu então?

- Resolvi. Veremos sexta se vai dar ou não. – sorriu. – E você?

- Bom... Não, não tive coragem. Mary colocou.

- Muitos colocaram. Até uns bobinhos do primeiro ano. – Kibble disse, sentando. – Espero que não sejam escolhidos.

- Pois deviam, só pra aprender a ser mais espertos. – Symons comentou, mordendo uma maçã.

- Não seja cruel.- Jen riu.

- Cruel vão ser as tarefas. Não quero nem pensar no que você está se metendo, Jen. – Kibble comentou.

- Não estou metida em nada. Nem fui sorteada. – deu de ombros.

- Vamos lá... temos aula...- João disse.

A essa altura, Jennifer já lançava fogo e água em vários modos diferentes sem prestar muita atenção – o que levava Flitwick a loucura, rendendo muitos pontos à Corvinal. Em transfiguração, ela só não conseguia transformar a parte do encosto. A poção polissuco funcionara perfeitamente, assim como a de João, então eles trocaram de personalidade durante as aulas e se divertiram muito.

Todos os seus professores desejavam-na boa sorte durante o período de aulas, mas ela não contara a Luke que se inscrevera. Conseguiria manter as coisas assim até o fim da semana, no dia que o Cálice decidiria. Todos sentaram-se no Salão principal, tensos. Dumbledore logo tomou a palavra:

- Alunos e alunas. Hoje o Cálice decidirá. Lembrem-se que não há volta após o sorteio, e que estarão sozinhos exceto pelo tutor designado. Ao vencedor aguarda a Glória Eterna, e um prêmio de mil galeões. Aguardemos, então.

O silêncio dominou o salão. Era possível sentir a ansiedade de todos, que aumentou ainda mais quando a chama do cálice tornou-se verde, e subiu alta, soltando um pedaço de pergaminho. Dumbledore teve de correr para pegá-lo, pigarreou e leu:

- Clov Tanz, Durmstrang! Por favor, siga o seu diretor à sala de troféus.

Muitas palmas, alguns urros de decepção. Clov seguiu sorrindo para a sala apontada, piscando para Jen no caminho.

Logo, o cálice ficou verde novamente e expeliu um outro papel.

- Pierre Auger, de Beauxbatons.

Um garoto bem pequeno, magricela, de cabelos longos acizentados recebeu muitos aplausos dos colegas. Devia ser bastante popular na escola, Jennifer pensou. Agora só faltava o campeão de Hogwarts, e todos aguardavam ansiosos.

Quando o cálice esverdeou pela terceira vez, Dumbledore logo anunciou:

- Jennifer Skole, de Hogwarts.

Ao invés de levantar, ela empalideceu. Tinha certeza que não seria escolhida. João empurrou-a com força para que ela levantasse, e ela seguiu para a sala. Ouviu aplausos, comentários maldosos, viu o olhar de aprovação de seus professores e correu para dentro da sala de troféus. O prof. Dumbledore não demorou para segui-la, e lá estavam os três diretores com os três campeões, e um jornalista do profeta diário, que a apressou para tirar uma foto.

- Então, Jen... Juntos novamente. – Clov sorriu.

- Em tese, somos rivais. Pelo menos no Torneio. – ela disse, corando.

- Mas podemos ser amigos e ter boa convivência. – Pierre interrompeu.

- É esse o plano, crianças. – Dumbledore interrompeu, sorrindo – Agora, as regras. Vocês podem pedir ajuda de seus tutores, e de mais ninguém. Podem continuar assistindo às aulas, mas estarão isentos dos exames e deveres de casa. A primeira prova se dará na primeira semana de dezembro. Srta Skole, a primeira reunião com seu tutor será amanhã, às oito, no salão principal.

Os três campeões saíram e foram para suas respectivas comemorações.

Na corvinal todo o estoque de cerveja amanteigada e doces comprados em conjunto na Dedosdemel foram gastos, e a comemoração seguiu até altas horas.

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