sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Obs: Editado, 11/12/2010

John acordou sozinho no dia seguinte, sem certeza do por que. Olhou em volta: Susan não estava lá. Mas havia som de água caindo no banheiro... Devia estar tomando banho. Ele se sentou, e apalpou seu pescoço dolorido. Então se lembrou do fim da noite anterior.

Achara que tinha conseguido se dar bem, pelo menos por alguns minutos... Quando ela desmaiou durante o beijo. Ele a segurara e tentara acordá-la. Como não obtivera resposta, carregara-a até a cama e a repousara lá. Banhara-se, e ao voltar para o quarto ela estava de lado, com as costas sujas de sangue à mostra. John realmente era médico, apesar de ter usado a história só para impressionar Susan, e ele sempre levava material de sutura e primeiros socorros básicos. Como ela dormia pesadamente, imaginara que não sentiria a sutura – e não se enganara, aparentemente. Nem se movera enquanto costurava o longo corte, que vinha desde a base do pescoço até o meio das costas, no mesmo nível que seus longos cabelos.

Ele não pôde deixar de ficar a observá-la por um tempo, antes de dormir no canto que criara para si: Pegara o cobertor reserva do guarda-roupa e um travesseiro, e apagara imediatamente. Pensando bem, talvez houvesse algum tipo de sedativo naquela agulha... Ou ele realmente estava cansado.

Levantou-se, e trocou-se. Ao abrir a janela observou um dia ensolarado, com algumas nuvens de chuva ao longe. Suspirou. Trouxera só o suficiente para o final de semana, pois planejara embarcar para a Austrália naquele mesmo dia.Algumas horas antes. Riu. Agora ele estava metido em uma encrenca maior do que Susan podia imaginar...

Ouviu um som desagradável do banheiro. Tentou abrir a porta, mas estava trancada. Falou então:

- Está tudo bem aí?

- As costas sim. O pescoço arde. Preciso de alguma coisa pra vestir...

- Como o que?

- Qualquer coisa, John. Não tenho muita escolha.

John procurou as coisas mais justas que ele tinha, e bateu na porta. Susan abriu e fechou-a com a mesma rapidez, aparecendo vestida não muito depois. Ele tentou controlar, mas acabou rindo, o que o fez tomar um soco no braço.

- Agora aos negócios. Você disse que acabaria o negócio hoje?

- Tinha até quinta. Suponho que estejamos bem até lá.

- Só até eles me virem acompanhada. Aí eles terão duas opções: matar você ou me pegar quando estiver sozinha. – Susan suspirou.

- Você não vai ficar sozinha. E eles não conseguiriam me pegar. – John deu de ombros. – Planos?

- Preciso passar em casa. De preferência sem sermos seguidos.

- Ok... – John pegou um chapéu e passou para ela – Façamos o seguinte. Você sai pela escada de emergência, e me encontra no estacionamento 24 hora na próxima esquina. Eu fecho a conta e te encontro lá em quinze minutos. Certo?

- Como vou saber que você não vai me dar o cano, e armar algum outro plano? – ela perguntou, seca.

- Do mesmo jeito que eu não sei que você não vai sair correndo e ligar para alguém contando do meu paradeiro. – ele retrucou, ríspido – Agora, vamos logo.

Susan bufou, saindo pela janela em seguida. John seguiu para a recepção para pagar a diária, observando bem as poucas pessoas ao redor. Só havia uma senhora de idade e o jovem carregador. Ninguém parecia suspeito. Seguiu pela rua cuidadosamente, observando todas as pessoas com quem cruzava, mantendo o passo rápido.

Ao entrar no estacionamento não pôde deixar de ficar feliz ao ver Susan sentada em sua moto, com as mangas da camisa erguidas e o cabelo totalmente escondido pelo chapéu. Ela sorriu ao colocar o capacete enquanto falava

- 29 com a sexta.

John se sentiu estúpido. Claro que ela não deixaria um estranho levá-la para casa no primeiro encontro, e ele foi tapeado. Culpou a própria arrogância e seguiu o caminho em silêncio.

Na verdade a jornalista morava em um bairro de classe média, com todas as casas basicamente iguais. Ao aproximar-se de uma delas, com muitas flores no exterior, Susan fez sinal para que parassem. Era uma bela casa, e ao entrar não foi diferente. Seguiram para o segundo andar.

A casa tinha todas as paredes brancas, com alguns quadros de quebra-cabeça nas paredes. Os móveis eram simples, de madeira, e o único luxo era uma grande TV sobre a estante de madeira próxima da porta. A cozinha era aberta para a sala, também toda branca. Ao entrar no quarto da moça, no entanto, o cenário era outro: os móveis eram de mogno, com as paredes cobertas de matérias. John pôde ver que a maioria era de autoria da própria Susan, e observou algumas estranhas logo atrás da porta, das quais uma se destacou:

"Morte estranha em pequeno hotel da cidade

Nessa manhã de sexta-feira foi encontrado um corpo em um banheiro do hotel Compris. O corpo é de um homem, com mais ou menos 30 anos, encostado no canto de um box, aparentemente resultado de um suicídio. Mas não foi preciso muita investigação para perceber que no colarinho da camisa, nada discreto, tinha uma mancha de batom vermelho, o que só pode provar que alguém esteve ali com ele - e era uma mulher.

Este é o segundo assassinato esta semana, com as mesmas características. O outro aconteceu na sexta-feira da semana anterior, desta vez com um homem de mais de 40 anos. Ninguém sabe o real motivo destes assassinatos, e a polícia não está se preocupando em procurar o culpado. Isso porque algumas pessoas reconheceram os dois corpos como sendo de dois matadores de aluguel, muito conhecidos da Flórida. Assim que obtivermos mais informações, publicaremos no nosso jornal."

Assim soube como fora desmascarado. Ela pesquisava assassinatos. Típico de quem quer ser morto, pensou. Sobre a escrivaninha havia uma série de artigos marcados: “Não se sabe nada do assassino, exceto que é um homem”...”A camareira que passou perto do quarto ouviu sons abafados e barulho de beijos, acreditara ser só um casal comum”...”Análises de sangue demonstram a presença de anti-depressivos, mas a forma que a bala estava dentro do abdômen torna a cena suspeita”...

- Você é muito óbvio pra quem já te espera. Só precisava ter certeza. – Susan disse, do meio de seu guarda-roupas gigantesco.

- E como sabia ser eu a partir dessas características?

- Juntei alguns fatos. Você é homem, atraente, tinha várias opções de mulheres com quem se sentar. Mentia perfeitamente, e com o olhar tentava encontrar qualquer fraqueza emocional que eu pudesse ter... E o lance de me chamar para um hotel que serve massas também ajudou.

- Você faz parecer simples. – John bufou, sentando. – Como ligou todas essas matérias a mim?

- Mesmo tipo de crime, de cenários, e de vítimas. E eu fiz a última. Reconheci seu cheiro ao andar na moto.

- Devo parar de usar perfume, então. E de escolher só mulheres para matar. Mais alguma dica? – disse, irônico.

- Sim. Mude de profissão. – Susan jogou as roupas emprestadas sobre o assassino, dirigindo-se para a sala.

- E então? O que fazemos agora?

- Aguardamos. É muito cedo para sairmos.

Ele concordou, recostando-se sobre a parede enquanto observava Susan sentada no sofá, assistindo à TV. Ao ouvir a campainha tocar assustou-se, sacando sua faca instantaneamente.

- Não seja ridículo, guarde isso. – ela disse impaciente, abrindo a porta em seguida. – Bom dia, Marta.

- Bom dia, Susie querida. Fiquei preocupada quando não te ouvi chegando ontem! Vim ver se você está bem e te convidar para almoçar.

- Ah, obrigada, muito atencioso da sua parte. – sorriu – Digamos que tive uma noite muito proveitosa. – apontou para John com a cabeça.

Marta então entrou. Era uma senhora muito baixa, toda enrugada, com grossos óculos que deixavam seus olhos castanhos grandes e muito abertos. Olhou John de cima a baixo, o que o deixou levemente constrangido, sorrindo para ela.

- Você tem bom gosto, Susie... Lembra meu primeiro encontro. Venha almoçar também, então. Como disse se chamar?

- Julian, dona Marta. Muito prazer. – sorriu.

- Certo. Vamos descer então!

2 comentários:

  1. To com medo que sobre pra velhinha
    xD
    hi hi hi

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  2. ah, sinceramente eu nem me preocupei com a velhinha o.õ'
    eu to mais preocupado com o John/Julian mesmo, apesar de eu achar q ele vai morrer no final

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