sábado, 9 de abril de 2011

10-

John acordou no dia seguinte sentindo algo passando sobre sua mão. Ao abrir os olhos, viu que Susan havia acordado, e sorria-lhe.

- Por que me trouxe? – ela sussurrou. – Podem te descobrir, não?

- Tinha que compensar a falha de ter te deixado sozinha antes, não é? – sorriu, beijando-lhe a mão.

- Bobagem. O erro foi meu. – ela suspirou – Quando percebi que Geovani Peano era dono do bar, foi tarde...

- Shh... – ele colocou um dedo nos lábios dela – Não precisa se justificar, Susan. Agora está tudo bem. Não tinha como você adivinhar.

- Você teve um timing ótimo. – sorriu – Obrigada.

- Não se preocupe. Você não se livra mais de mim, agora.

Susan deu uma leve risada.

Passaram mais algumas horas no hospital até o médico dar alta, após a certeza do estancamento da ferida. Enquanto a moça se trocava e finalizava os procedimentos do hospital, John lia o jornal na sala de espera.

Nova morte em hotel da cidade, por Susan Roth

Nesta manhã foi encontrado o corpo de Stewart Johnson, famoso matador de aluguel, morto em um quarto de hotel do Grande Plaza, no centro. Como nas outras mortes desse tipo de vítima, a única evidência no corpo foi de um tipo de veneno comum, aparentemente injetado no pescoço por uma agulha.

Fora isso, a marca de batom vermelho foi novamente vista no colarinho de Johnson, o que indica que a mesma matadora dos outros foi a culpada por esse crime.

A polícia não faz muito esforço para encontrá-la, mas pede a população para tomar cuidado ao sair na rua à noite, pois aparentemente os matadores de aluguel estão em alguma busca – e estão sendo gravemente interrompidos.”

Ele levantou as sobrancelhas, confuso. Quando ela teria visto a cena do crime ou sequer escrito a matéria, se do hotel ela foi direto para o restaurante? Ou não tinha sido bem assim?

Após saírem, encontraram um pequeno hotel na cidade em que estavam e fizeram o check-in com um nome falso. Susan dormiu durante a maior parte daquele dia e John se encarregou das refeições através do serviço de quarto.

Passaram-se alguns dias até que Susan se recuperasse mais, restando só o pulso esquerdo com a tala. Durante esse período, a jornalista escreveu uma matéria sobre o próprio ataque e a enviou via fax para seu editor.

- Susie... Como você escreveu aquela matéria sobre a morte do Johnson? – John resolveu perguntar, então.

- Ouvi um grito da camareira, e fui checar... E lá estava ele, morto, como eu disse na matéria. – ela pareceu ficar mais tensa – Foi sorte, eu diria.

- Será que era ele que estava nos observando durante a festa?

- Era. Era aquele homem que me ofereceu bebida, antes de dançarmos. – ela deu de ombros – Mas é um a menos para nos preocupar. Já até joguei fora os artigos dele.

Ficaram alguns minutos em silêncio, cada um absorto com seus pensamentos. John não acreditara na desculpa de Susan, mas também não conseguia pensar em outra situação.

- Para onde vamos agora?

- Vamos para a próxima cidade, seguindo rumo litoral. Analisando alguns papéis, acho que a central do Walter fica numa praia, há umas 8 horas de viagem daqui... E tem unidades no caminho, em três cidades. Sugiro irmos para Foyar primeiro. – ela suspirou.

- Tudo bem... Precisamos fazer alguma reserva ou algo do tipo?

- Seria bom. Tenho o telefone no meu celular de uma pousada, fica bem no centro da cidade. Menos riscos de assassinatos por lá. – sorriu.

- Podemos ir hoje? Acho que estamos aqui há tempo demais. – ele levantou, oferecendo um braço para que ela fizesse o mesmo.

- Ok, vamos então.

Algumas horas depois eles partiram. John seguiu mais devagar pela estrada do que o normal, visto que Susan só podia se segurar com uma das mãos com firmeza. Ele percebeu que ela cochilava quando chegaram, quase três horas depois. Pegou-a no colo, e a colocou na cama da pousada, descendo rapidamente para fazer o check-in e voltando.

Começou a ler outros artigos do livro da jornalista. Percebeu que seu alvo não só era exímio na arte da fuga, mas também na crueldade: Scott não fora o único morto por auxiliar nas investigações dos crimes. Vários policiais foram brutalmente assassinados, fora outros jornalistas e fotógrafos. Suspirou. Isso podia ser mais difícil do que parecia.

Susan acordou ao ouvir o bater da porta, com o jantar sendo entregue pelo serviço de quarto. Eles comeram quase tudo em silêncio, concentrados.

- Desculpe ter dormido...– ela falou baixo, enquanto comia.

- Você devia tomar mais cuidado, hein? O motorista podia ter te ludibriado e te levado a um beco escuro... – John sorriu, irônico.

- Mas ele deve ter pensado: Puxa, pra que um beco escuro se tenho um lugar muito mais confortável reservado? – ela o olhou, com um sorriso malicioso.

- E então ele a repousa na cama, e sai. Puxa vida, que final... – ele balançou a cabeça, fazendo-se de vítima.

- Final? Quem disse que acabou?

John levantou a cabeça com uma expressão interrogativa e quando se deu conta estava sendo beijado por Susan, que passou por cima da mesa de centro para alcançá-lo, derrubando parte da louça no chão. Ele a puxou pelo quadril, fazendo-a sentar-se em seu colo e a beijou de volta, cada vez mais intensamente, sendo surpreendentemente retribuído.

Ela, então, passou a deslizar sua mão pelas costas dele sob a camiseta, puxando-a levemente para cima para tirá-la. John a ajudou, puxando-a para mais perto com um suspiro, ao que foi retribuído com a jornalista se agarrando mais firmemente.

Ele ergueu-a no colo junto a si, e pousou-a delicadamente na cama, ao mesmo tempo em que tirava sua blusa, observando-a.

- Está me deixando sem graça... – ela sussurrou, corando.

- Você fica muito bonita sem graça. – sorriu, beijando-a no pescoço, mantendo uma certa distância, provocando.

- Bobagens... – ela usou as pernas para trazê-lo de volta.

- Golpe baixo, Susan Roth. – acariciou-lhe o rosto levemente com uma das mãos, enquanto a outra deslizava pela cintura fina da moça.

- Eu que o diga, John Venom.

E voltou a beijá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário