segunda-feira, 18 de abril de 2011

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Novembro passou voando. Jennifer não apareceu para nenhuma das tutorias e tampouco sabia o que a aguardava na primeira tarefa. Passou muito tempo estudando feitiços de elementos, de defesa e alguns de ataque, e também começou a se comunicar mais com Clov e até mesmo com Pierre, que haviam recusado seus tutores após algumas discussões.

Ela tinha certeza de que ambos tentavam espioná-la para ter alguma idéia de seu nível, mas raramente conseguiam pegá-la desprevenida graças a sua audição. Era a primeira vez que a maldição estava sendo útil.

João sempre a ajudava, quando não estava com Mary ou cumprindo seus deveres de casa. Ele brigava com Jen, pois ela ainda fazia suas tarefas de casa, e mais ainda porque estava caindo nas graças de Slughorn, que a adotara sem seu “Slug Club”.

Ao amanhecer da primeira tarefa, Jennifer estava tensa. Suava frio enquanto engolia seu café da manhã, sozinha, pois levantara cedo demais, assim como Clov e Pierre. Os três não se falaram, mas seguiram juntos para o local onde a prova seria realizada. Lá, encontraram o Chefe do Departamento de Cooperação em Magia, que sorriu para eles enquanto explicava as regras:

- Hoje vocês enfrentarão um combatente em duelo. Se vocês descobrirem o segredo da prova, ela será interrompida e o tempo será parado, sendo tida por concluída. Senão, o primeiro a soltar qualquer gota de sangue é o perdedor. O que importa é terminar com o menor tempo. Quem começa?

- Primeiro as damas! – Disseram Clov e Pierre, ao mesmo tempo. Jen suspirou.

- Vocês têm vinte minutos para se concentrar. Boa sorte, e que vença o melhor!

Esses vinte minutos na tenda foram angustiantes. Pareceu que dias haviam passado quando a voz de Dumbledore ressoou acima de milhares de vozes ansiosas. (“Tomara que um deles perca algum dos membros!”, “Aquele Pierre vai sair gritando que nem menininha, vocês vão ver!”, “Dez sicles que a Jennifer desiste em cinco minutos!”) Jennifer colocou seus tapa ouvidos, mas ainda podia ouvir o diretor:

- Hoje, na primeira tarefa, os competidores sentirão algo indescritível! Começaremos pela competidora de Hogwarts, Jennifer Skole!

Ela suspirou. Tomando coragem, saiu da tenda pelo lugar indicado, e se viu observando uma arena circular, com o chão feito de pedra maciça. Não havia nada ali. Procurou pela platéia, mas não podia vê-los: estavam cobertos por algum feitiço que fazia parecer existir um véu separando-os de seu ambiente. Ao tirar um de seus tapa-orelhas, pôde notar que este feitiço também encobria o som, e se sentiu mais animada com isso. Tirou a varinha do bolso, e então o viu.

Na outra extremidade do círculo, onde antes não havia ninguém, estava João. O queixo de Jen caiu.

- João? O que está fazendo aí? – ela falou alto.

- Vim acabar com suas chances nesse torneio. Não era você que devia ter sido escolhida! – ele replicou, lançando um feitiço logo depois.

- Do que você está falando? Até me ajudou durante essa semana! – bloqueou o feitiço por pouco.

- Eu sou ótimo ator, não sou? Eu queria que Mary estivesse concorrendo, não você! Já não acabou com minha vida o suficiente? Estupefaça!

- Protego! – lágrimas subiram aos olhos de Jennifer – Se é assim...assim que você pensa...

Um feitiço voou da varinha dela, mas caiu no meio do caminho, desaparecendo. Não queria atacá-lo – não podia atacá-lo. Era seu melhor amigo. Seu companheiro.

- Sempre fraca... Certas coisas não mudam, Jenny! – João riu duramente, soltando rapidamente duas rodadas de feitiços.

- João, não faça isso! Somos amigos, sempre fomos! – Ela se defendeu de um, sendo atingida pelo outro, agarrando sua varinha alguns metros a frente – Você sempre foi minha prioridade!

- Mentirosa! – ele cuspiu – Luke era sua prioridade! É sua prioridade! Sempre foi! Rictusempra!

- Protego! Isso não é verdade! – se aproximou – Você sabe que não...

- Claro que é! Quem teve que ficar te consolando? Quem perdeu a chance de ficar com a mulher que ama? Hein? – ele gritou com raiva, lançando um feitiço que a atingiu direto no peito, fazendo-a cair.

- Mas eu arrumei isso! Você mesmo já percebeu! – ela gritou, com lágrimas saindo dos olhos, tentando lançar outro feitiço, que errou por metros.

- Não, Jenny! Certas coisas não podem voltar! Expeliarmus! Reducto!

Ela se defendeu de um, e se jogou ao chão para desviar do outro. Algo ali soava errado... Outro desvio, seguido de uma resposta dela, a primeira certeira. Ele foi rápido na defesa...

- Claro que podem...– Jen desviou-se de outro feitiço. – É só você não desistir delas! Expelliarmus!

- Isso é ridículo! – outra defesa, e dessa vez ela pôde ver o contorno do feitiço - Que nem você! Quero que você suma, Jenny!

Jennifer se aproximou mais.

- E você está disposto a fazer isso? Sumir comigo? – ela pensou em um feitiço de imobilização, e errou por um triz.

- Estou, como sempre estive! – seus olhos se estreitaram, e um feixe roxo saiu de sua varinha.

Jennifer desviou-se por pouco. Já estava perto o suficiente, então encarou-o. Seus olhos estavam apagados. Teve certeza.

- PETRIFICUS TOTALUS! – ao vê-lo no chão, paralisado, disse – Você não é o João. Ele não me chama de Jenny, nem tem olhos apagados assim. Você é um auror e tomou poção polissuco!

Uma sirene tocou então, e a voz de Dumbledore ressoou novamente:

- Prova paralisada! Jennifer Skole descobriu o segredo da prova, após dez minutos e 43 segundos.

O véu que cobria a platéia foi descoberto, e ela pôde ouvir as palmas e as vaias que vinham da platéia. Rapidamente encontrou João, sorriu para ele e então saiu correndo para fora da arena, respirando com dificuldade.

Pouco tempo depois o amigo a abraçava, em uma pedra próxima dali.

- Você foi genial, Jen... Digo, não conseguíamos ouvir nada da conversa de vocês, mas deu pra ver como você ficou chateada de início... Então confusa... E aí decidida. – deu-lhe uns tapinhas nas costas – Fico feliz que não podia me atacar. Mostrou como é minha amiga de verdade.

- Ah Jo, eu achei que você tivesse me traído... – enterrou a cabeça no ombro dele, chorando – Me diz, por que que eu resolvi entrar nisso?

- Luke te esnobou, e você pensou em lhe dar uma lição... Ou você só quer provar algo a si mesma. Calma, já passou...

- Pelo menos você sabe das coisas. – ela fungou, levantando a cabeça e esboçando um sorriso. – Mas acho que nunca vou apagar a memória de você me enfeitiçando nervosamente assim.

- Posso te ajudar nisso, se quiser. – ele deu um sorriso travesso.

- Nada de feitiços de memória... – sorriu – Podemos voltar para o castelo?

- Jenny... Digo... Srta. Skole... Precisa de cuidados hospitalares? – Luke apareceu correndo da arena.

- Não, professor... Preciso mesmo de um... – ela suspirou, em derrota – de um tutor.

- Se dê uma trégua de alguns dias. Hoje é terça, então começamos na outra terça... Combinado? – ele sorriu.

- Ok. Agradeço. – apoiou-se em João, e seguiu para a Corvinal.

Lá passou a tarde comendo doces e jogando Snap Explosivo! Com João, rindo e aproveitando a folga de fim de tarde. Não demorou muito para os outros membros da casa aparecerem também, com garrafas de manteiga amanteigada e Whisky de fogo que todos começaram a beber alegremente.

Depois do horário da janta, Kibble entrou correndo na sala comunal, gritando:

- Seus festeiros, perderam informações importantes!

- QUAIS? – gritaram a maioria.

- A próxima prova se dará na segunda semana de fevereiro somente... E para inovar, na outra sexta teremos um baile! – Kibble sorriu amplamente – Sabe? Com banda, e música, e comidas variadas, bebidas, vestes de gala, acompanhantes...

Um grupo de quinto anistas assobiou e pegou Kibble, jogando-o várias vezes para o alto em comemoração. Então trocaram por Jennifer, que ria, feliz que conseguira ao menos completar a primeira fase inteira.

Sentou-se à mesa no dia seguinte ao lado de João, como todos os dias.

- Bom dia, bela adormecida! Achei que não fosse acordar.

- Há há. Gracinha. Ressaca não me impede de levantar. – Jennifer sorriu, tomando um copo de leite – Já a convidou? Antes que Stuffen o faça?

- Já, você perdeu... Não faz nem dez minutos.

- Isso explica sua cara de bobo. – ela riu.

- Não seja tonta – ele a empurrou com o ombro, corando – Não estou com cara de bobo. Talvez só de alegre.

- Ou um pouco dos dois... Feliz, com certeza. De nada. – piscou, dando uma última mordida numa panqueca.

- Valeu, Jen. Fico te devendo eternamente... Mas vamos logo para feitiços!

Os dois subiram os dois andares rindo. Ao chegar na sala de aula, o professor Flitwick elogiou o desempenho de Jennifer na tarefa, e a aconselhou que se aperfeiçoasse nos feitiços de água que estavam praticando agora. Naquela aula ele ensinou a fazer pequenas bolhas de água, com ar dentro. A maioria dos alunos saiu totalmente molhada, inclusive Jen, que deu azar de sentar atrás de Symons, que estourou uma bolha maior do que ele no final do período.

Ao entrar na sala de defesa contra as artes das trevas, pôde ver o olhar curioso de Luke, ao que ela sussurrou “Bolha na aula de feitiços”, sentando-se ao lado de Clov, que ria.

- Só porque acabou em primeiro ontem acha que pode sair por aí fazendo moda de andar molhada, Jen?

- Na verdade foi um acidente. – ela sorriu – Como assim acabei em primeiro?

- Eu demorei cinco minutos a mais que você até fazer meu irmão sangrar... e Pierre demorou dois, mas ele meio que descobriu o segredo enquanto o amigo sangrava. Nunca vi um cara chorar tanto...

- Ah, puxa... Que pena.

“Ou não. Quem sabe você vê que esse aí é um babaca” – Bom dia, turma. Hoje resolvi inverter: vamos analisar alguns feitiços de ataque durante a primeira aula, para depois os usarmos...

Passaram a aula estudando as formas de lançar vários tipos de feitiços diferentes, e na segunda aula Jennifer acabou sendo mais atingida do que o normal. Estava imaginando a próxima tarefa, sem poder se concentrar como sempre.

Quando seguia para a aula de transfiguração, Mary a parou um pouco antes de entrar:

- Hey, Jen! Vamos a Hogsmeade no Sábado para comprar vestidos para o baile... Não gostaria de ir? – sorriu.

- Hm... Claro, Mary... Agradeço o convite, inclusive. – sorri – Nem tinha pensado nisso ainda...

- Quanto antes formos, melhor! Mais modelos! Eu te ajudo, vai ser incrível! – ela acenou enquanto seguia para feitiços.

Jennifer riu da idéia enquanto entrava na aula, e sentiu-se bem ao ser transformada em poltrona por João com perfeição naquele dia.

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